Atividade realizada por diversas organizações sociais, universidade e pastorais reuniu dezenas de lideranças e discutiu a questão da terra e alternativas de resistências

14/05/2018 14:30

Teve início na manhã de sexta-feira (11), no Auditório Petrini Girardeli, no Campus da Universidade Federal do Pará/UFPA, em Altamira/PA o primeiro Seminário “Xingu, terra de resistências”. A atividade, organizada pelo Comitê Repam – Xingu, organizações sociais, populares e a universidade federal, pretende aprofundar a temática da terra, do território e dos povos, refletindo os desafios, conquistas e resistências no processo de enfrentamento e na articulação de novas resistências diante do contexto histórico e atual na Transamazônica e no Xingu. A abertura do seminário foi realizada com uma mistica à margem do rio Xingu, lembrando o solo sagrado de cada comunidade presente, os mártires, a terra cultivada e a água que  banha e dá vida, além de simbolo de resistências como povo Xinguara. Houve, ainda na abertura, um grito pela liberdade de padre Amaro Lopes.

Participaram do seminário Ribeirinhos, assentados, pescadores, posseiros, quilombolas, atingidos por barragens (campo e cidade), povos indígenas, pesquisadores, comunidade acadêmica, movimentos sociais, autoridades jurídicas e gestores dos órgãos públicos e entidades não governamentais. Para Dorismeire Vasconcelos, membro da REPAM-Xingu e uma das organizadoras do evento, o seminário foi uma oportunidade de reafirmarem a territorialidade, o sentido de pertença, a resistência e a ação. “Foi sinal de esperança, união  e comunhão”, completou Dorismeire.

Pela manhã do primeiro dia, na mesa de debate coordenada pela professora doutora Carla Rocha  da UFPA, o tema em discussão foi “Terra, território e povos da Amazônia”. O objetivo da mesa era apresentar um quadro representativo da conjuntura atual de crises pela disputa da terra e do território envolvendo as populações camponesas, tradicionais, atingidos por grandes projetos e povos indígenas. Participaram do debate o professor mestre Mário Hencher, da UFPA, o professor doutor Maurício Torres, da Universdiade de São Paulo/USP, apresentando um quadro geral dos conflitos territoriais, a CPT Nacional, com uma análise de conjuntura da realidade agrária, expansão do agronegócio, portos e  soja; Danilo Chammas, da Justiça nos Trilhos, apresentando questões relacionadas à mineração e projetos de empresas mineradoras, José Cleanton Curioso  do Conselho Indigenista Missionário/Cimi abordando a demarcação das terras indígenas e a liderança indígena e, ainda, doutora Thais Santi do Ministério Público Federal/MPF e doutora Andreia Barreto da Defensoria Pública do Estado/DPE.

À tarde, a mesa foi coordenda por Mônica Brito e Analaide e o tema “Conflitos, violência e lutas por direitos na Transamazônica e Xingu”. O objetivo da discussão foi apresentar o quadro regional dos conflitos por regularização fundiária, por reassentamento, por demarcação de terras, pela consolidação da posse e uso das terras das populações tradicionais, camponesas, atingidos por grandes projetos e a criminalização dos defensores da vida e territórios. Participarão das discussões atores sociais locais. Em seguida houve trabalhos em grupos, onde os presentes sistematizaram os debates realizados, em vista da construção do documento síntese. À noite, na Praça da Bandeira, foi realizado um sarau de poesia, cultura e resistências.

O seminário continuou no sábado (12), com um ato público, Manifesto por Vida, Liberdade, Direitos, Paz e Justiça. Em seguida, os participantes retomaram o seminário com finalização do documento síntese, apontando as estratégias de luta e os compromissos assumidos.

A proposta do Seminário também incluiu mobilizar as populações regionais e movimentos sociais como estratégia de resistência às pressões dos megaprojetos e fundiárias, proporcionar espaço de apresentação e debate de experiências e estudos relacionados aos conflitos agrários e o contexto nacional e regional de disputas; oportunizar espaço para a manifestação das populações e povos da região sobre os conflitos de disputa pela terra e território e suas demandas; problematizar o processo de criminalização de lideranças dos movimentos sociais, construir projetos para o enfrentamento e, ainda, elaborar um documento síntese com propostas e compromissos, em relação às questões abordadas.

 

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