Por Paulo Santiago

Repam Brasil

As cadeiras da sala estavam vazias. Demorou alguns minutos para poucas pessoas entrarem pela porta e identificarem que aquele era o seu espaço. Parecia que o encontro não seria participativo, mas depois de meio giro do relógio de pulso não haviam mais acentos suficientes. Assim foi a oficina Desafios à Proteção Popular de Defensores/as de Direitos Humanos, promovida pela Sociedade Maranhense (SMDH) e pelo Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH) no sábado, 30, na capital paraense, Belém.

Daniel Seidel. Foto: Eanes Silva

Dezenas de representantes de programas e movimentos de todo Brasil participaram da atividade, realizada no espaço de ensino Mirante na Universidade Federal do Pará (UFPA), durante o 10º Fórum Social Pan-Amazônico (Fospa). Os ativistas promoveram debates e trocas de experiências sobre os desafios de proteção, reintegração e defesa dos homens e mulheres que protegem as comunidades e os territórios da Amazônia.

Daniel Seidel, secretário executivo da Comissão Brasileira Justiça e Paz da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), observa que a presença da Igreja Católica nas pautas de DHs na região se tornou mais ativa após os estudos da

Paulo César Carbonari. Foto: Eanes Silva

Encíclica Laudato Si’, do Papa Francisco. “A escuta dos povos pelo Sínodo da Amazônia foi um tempo oportuno, porque houve esse reencontro com essas causas que são o sentido de ser da nossa presença aqui na Amazônia enquanto Igreja: a defesa da vida a partir das lutas dos povos originários e da defesa dos povos tradicionais”, pontuou Seidel.

O coordenador do Movimento Nacional de Direitos Humanos, Paulo César Carbonari, destaca a presença no Fospa como uma oportunidade de unificar as pautas e alimentar as redes de apoio de militantes de DHs. “Nós vivemos hoje um contexto onde crescem os riscos da atuação como defensores, sobretudo das populações indígenas e tradicionais, e das comunidades rurais com agricultores e agricultoras. É uma realidade que cada vez nos cobra uma resposta de cuidado, de proteção para que essas pessoas sigam organizando o povo para fazerem o que é fundamental: lutar pelos seus direitos”, disse Carbonari.

Durante o encontro, os representantes dos movimentos apontaram pistas de ação para contribuir com a defesa de pessoas ameaçadas. Um dos apontamentos levantados foi a produção de um estudo de práticas de proteção nos territórios, para auxiliar na troca de conhecimentos e técnicas a serem aplicadas nos territórios da Amazônia.

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